Ele, que é independente demais para ter nome, decidiu assim para não depender de ser chamado para ir ou vir. Também decidiu não ter sobrenome, para que não exista um grupo que dependesse de carinho e afeto - muito, muito menos, de justificativas.
Ele que demole sua casa, rasga seus livros, queima suas roupas e tem a ele mesmo como seu próprio deus. Que redefine as leis da física e medita em cima da caixa de som (feita de suas costelas) na sua própria turnê heavy metal (a turnê, de um homem só).
Que deflora a mulher mais linda, que ele mesmo pare. Que come doce, do qual seu próprio sêmen é o açúcar, a gema, a farinha e os demais ingredientes.
Que de seus cabelos provê a mais inebriante das drogas. Que é traficante de si mesmo, é seu próprio puto, sua própria vergonha, sua própria mãe, pai e filhos.
Ele, que é tão livre, que tem um infinito só seu pra se prender.
Ele, que corre tanto que é o próprio campeão de sua maratona, na qual corre sozinho. Sem ninguém para lhe oferecer um copo d'agua.
Que toca violino, violoncelo e contrabaixo feito de seus dentes. Que abraça todas as causas carentes do seu mundo só, tão colorido e vazio quanto se possa imaginar.
A alma mais independente do mundo. Entre quatro paredes, quatro polos; andando sozinho no meio de multidões.
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