Sem a menor sombra de dúvida, se de posse de uma máquina do tempo
pudéssemos trazer para a atualidade o filósofo alemão Friedrich
Nietzsche e o levássemos para uma noitada na Super Pop, ele piraria o
cabeção e chacoalharia o bigodão ao som de Elisson e Juninho. Antes que o
leitor questione o prazo de validade da maionese do X-Salada que comi
pela manhã ou antecipe o destino de embrulho de peixe deste jorna, peço
apenas alguns parágrafos de sua atenção.
Em seu primeiro livro, O
Nascimento da Tragédia, Nietzsche faz uma exaltação à cultura
pré-socrática. Segundo ele, depois de sócrates a humanidade entrou em um
ciclo de decadência cultural que perdura até os dias de hoje. A
argumentação do bigodudo era mais ou menos assim.
Durante as
celebrações rituais das tragédias, os gregos cultuavam dois deuses
opostos e complementares. Apolo, o deus das formas ideiais, da ordem e
do mundo perfeitos dos sonhos e Dioniso, o deus da fertilidade, da orgia
e da sensualidade. Em um resumo grosseiro, Apolo seria o deus das
expressões mentais enquanto Dioniso se encarregaria das expressões
corporais. A tragédia grega unia estas duas figuras opostas, fazendo
daquela cultura a mais perfeita da história da civilização. Dionisíaca e
apolínia, a civilização mais bem resolvida consigo mesma, por assim
dizer.
Com a filosofia de Sócrates esse par perfeito de desfez e o
apolínio passou a sobrepujar o dionisíaco. E o cristianismo ainda
calhou de cimentar ainda mais essa visão de mundo ao decretar que e
pecado estava na carne. Durante a idade média esse pensamento gerou
muitas atrocidades. Com o renascimento a humanidade teve sua chance de
ouro para resgatar a glória dos velhos tempos, no entanto a nascente
burguesia, na hora de resgatar o período classico grego, focou-se na
filosofia socrética e Dioniso continuou escanteado.
Com a
ascenção da burguesia e o surgimento do conceito de alta cultura, Apolo
passou definitivamente a dar as cartas no mundo da arte. Mas o povão,
esta imensa massa de seres rudes e incultos, manteve em suas festas e
carnavais a chama dionisíaca acesa. E aqui é chegado o momento de
apertarmos o botão Go Future de nossa hipotética máquina do tempo e
trazermos nosso polêmico filosofo alemão, das frias salas de aula da
Basiléia para as quentes periferias de Belem.
- Olá Fritz?
- Opa!
- Cara, esse teu bigode hoje em dia está meio demodê, mas vou te levar numa balada que talvez você ache interessante.
-
Balada? Você está maluco? Fui eu cunhei a famosa expressão "Deus está
morto", você está me convidando para ouvir o sino de uma igreja badalar?
- Não cara, trata-se de uma festa popular.
- Festa popular? Só de for agora.
Embarcamos
nosso livre pensador em um confortável pô pô pô e o conduzimos até uma
apresentação da aparelhagem Super Pop na Ilha do Mosqueiro. Ao nos
aproximarmos ele já começa a demonstrar sinais de excitação ao notar as
luzes coloridas e aquelas retumbantes batidas. Ao chegarmos no local
seus olhos brilham, seus braços se agitam e tomado por um frenesi
incontrolável começa a exclamar aos berros, mal acostumado coitado com
tamanha potência sonora.
- Pelas basrbas de Netuno! O que é isso meu jovem? O que é esta música?! O que é esta dança?!
- É tecnomelody véinho!
-
Rapaz como o povo evuiu! Nada daqueles carnavais italianos com gente
suja e fedendo a mijo e esterco, sinto-me inebriado com o perfume dessas
belas moçoilas! Se me permitido fosse trazer Lou Salomé a uma festa
como essa, eu não teria levado aquele inexorável pé na bunda. Onde está a
estátua de Dionísio?
- Bom, observe aquela cabine lá no centro, onde estão aqueles dois caras.
- Hummm, quem são?
- Elisson e Juninho.
-
Entendi, Aguia de Fogo é o simbolismo de Dionisio e pode me levar de
volta pra Basiléia, voltarei embriagado do mais puro sentimento de
esperança, agora sei que um futuro promissor espera pelos pobres seres
do século XIX.
Esta alegoria pode soar como piada para muitos
incautos. Talvez seja, mas o preconceito que nossas elites culturais
paraenses alimentam contra o tecnomelody, será que não um pouquinho a
ver com o desprezo pelo corpo e pela sensualidade que o excesso apolínio
impôs a sua cultura? Será que as manifestações culturais populares, que
mais do que em qualquer outro país do mundo, estão arrombando as portas
da cultura de massas, não farão do Brasil o palco de uma nova
renascença? Será? Hein? Que tal?
00AG9603 LinKaonia
KSTXI Dataplex
Know more, Understand less
KSTXI Reality Glitch Hack Post-Neoist Meta-Discordian Hyper-Surrealist Galdruxian Tudismocroned Bulldada Network ::: art, anti-art, post-art, `pataphysics, absurdism, discordianism, concordianism, meta-discordianism, realism, surrealism, hyper-surrealism, neoism, anti-neoism, post-neoism, anythingism, etc..
KSTXI Hyper-Surrealist Fnord Agency Portal
KSTXI Glitch Network
:::
“Everyone carries a piece of the puzzle. Nobody comes into your life by mere coincidence. Trust your instincts. Do the unexpected. Find THE OTHERS”
– Dr Timothy Leary
:::
—–><—–
“Welcome to the most ancient conspiracy on the planet. We’ve gone for so long now that we don’t remember what we were doing, but we don’t want to stop because we have nothing better to do.” - Fire Elemental
—–><—–
:::
.
KSXTI Post-Neoist Meta-Discordian Galdruxian Memes Illuminati Cabal Contact Information
.
"Stick apart is more fun when we do it together." - St. Mae
.
::: Discord:
::: Reddit:
- 00AG9603
::: Forum
Join Us!
:::
16.11.14
O dia em que Nietzsche foi no Super Pop
Marcadores:
Apolo,
Dioniso,
filosofia,
Friedrich Nietzsche,
tecno melody,
tecnobrega
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário