Por Projeckt Null [Fra. Dzogchen Bdud - 777]
Historia, materialismo, monismo, positivismo e todos os "ismos" deste mundo são ferramentas velhas e enferrujadas que já não preciso e com as quais já não me preocupo mais.
Meu prinicpio é a vida, meu fim é a morte. Gostaria de viver a minha vida intensamente para poder abraçar a minha morte tragicamente.
Você está esperando pela revolução? A minha começou a muito tempo atrás. Quando você estará preparado?... [Que espera sem fim!!!!!]....Não me importo que me acompanhe, mas quando você parar eu prosseguirei em meu caminho insano e triunfal em direção a grande e sublime conquista do NADA!
Qualquer sociedade que você construir terá seus limites. E para além dos limites de qualquer sociedade, os desregrados e heróicos vagabundos, crianças selvagens, vagarão com seus pensamentos insanos e virgens, aqueles que não podem viver sem constantemente planejar novas e terriveis rebeliões, atos de terrorismo poético. Talvez um Armagedom por semana.
Quero estar entre eles!
E atrás de mim, como na minha frente estarão aqueles dizendo a seus companheiros voltarem a si mesmos em vez de aos seus deuses ou idolos. Descubra o que existe em vocês, traga-o a Lux!,mostre-se!
Porque toda pessoa que procura por sua interioridade, descobre que estava miseravelmente escondido dentro de si, uma sombra eclipsando qualquer forma de sociedade que possa existir ao o Sol.
Todas as sociedades tremem quando a desdenhosa aristrocacia dos vagabundos, dos inacessiveis, das crianças selvagens, dos que governam sobre um ideal e dos conquistadores do NADA, avança ressolutamente.
Iconoclastas, Avante!!!
O Céu em presentimento já torna-se escuro e silencioso!
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17.12.07
16.12.07
13.12.07
Ari Almeida, Dinheiro, Múltiplas Identidades...
por Ivan Hegenberg
Logo depois de publicar meu artigo sobre essa figura imprevisível, nosso maior terrorista poético, me surpreendi com uma entrada em seu blog que a princípio daria a entender que ele passou por uma alteração brusca em sua maneira de pensar, Dinheiro como Deus: Uma mudança na percepção do dinheiro enquanto valor.
Nos comentários, as reações variaram ente "Alguma coisa mudou nesse blog" e "O Ari endoidou". Um tanto doido ele sempre foi, afinal apanhar sistematicamente de seguranças ao desafiar shopping centers, igrejas e outros redutos do consumismo e da moral não é um comportamento dos mais comuns. No entanto, todas as ações descritas em seu Manual Prático de delinqüencia juvenil, por mais inusitadas e polêmicas que sejam, transmitem uma análise sobre o poder bem mais lúcida do que a que o stablishment tenta nos vender. Há pelo menos dois anos eu acompanho o blog de Ari Almeida, e, por mais porra-louca que ele seja, me convenceu de ser alguém que sonha com um mundo mais livre. Trata-se de um neo-anarquista, leitor de Hakim Bey, Foucault e Deleuze, capaz de escancarar as contradições do sistema capitalista em ações criativas, que, a meu ver, se parecem um pouco com o que vem ocorrendo na atual "arte engajada", porém com uma contundência muito maior. No mínimo me parecem mais sinceras, como vocês podem conferir na resenha que escrevi para o Casulo, disponível logo abaixo.
Confesso que me senti um tanto culpado no dia do lançamento do Casulo. Não por defender alguém tão radical, mas, pelo contrário, por no mesmo dia ter me apresentado em um espaço patrocinado por um banco, o Itaú Cultural. Se nosso Delinqüente está nesse exato momento confundindo todos que o tomam como um herói do combate ao sistema, eu, apesar de não ter um currículo como o dele, fui tão contraditório quanto. Ao mesmo tempo que eu elogiava um terrorista poético que exorcisava bancos, "lugares do mal" como ele diz, minha arte estava à disposição do Itaú, o que de certa forma agrega valor à instituição. No mundinho das artes prospera uma militância ferrenha, um povo tão obsecado pelo ideal de uma arte imune ao mercantilismo que já não consegue olhar para obra nenhuma, apenas para os veículos em que ela aparece. Eu já escrevi muitas vezes que essa ala mais crítica, que conseguiu estabelecer o pensamento dominante em artes plásticas, nunca foi coerente, apenas faz barulho mas não age de acordo com o que prega. De qualquer modo, mais parecia uma brincadeira do destino que, no dia primeiro deste mês, eu estivesse ao mesmo tempo lançando um texto quase inofensivo em um banco e outro texto, combativo, que criticava não só os bancos como todos os perpetuadores da lógica selvagem do capitalismo.
Vou tentar dar conta aqui dessas contradições, tanto as minhas quanto as do Ari. No texto mais recente de seu blog, pela primeira vez ele fez algo como um elogio sem pudores ao dinheiro. Uma coisa surpreendente, vinda de alguém que colocou meninos de rua em um shopping, atacou a fábrica da Renault, e dispara afirmações como "a generosidade não tem vez no mercado global". Por outro lado, jamais notamos em Ari uma posição comprometida com qualquer militãncia tradicional. Pelo contrário, ele deixou claro muitas vezes que não se orientava por uma Revolução, mas pelos levantes, pelos breves momentos de liberdade - o que Hakim Bey chamaria de TAZ (Zona Autônoma Temporária) e Deleuze de linhas de fuga. Uma coisa que me atraiu nesses discursos foi constatar que seus inimigos são os mesmos que os meus: o pensamento único, a realidade consensual. Pensar que o inimigo seria simplesmente "o capitalismo" apenas nos faria patinar na lama, já que não se trata de algo tão monolítico quanto se pode imaginar. Além disso, por mais que simpatizemos com ideais igualitários, não acreditamos que as pessoas já tenham uma mentalidade à altura de uma sociedade anarquista. Talvez jamais venham a ter, e ainda assim considero o terrorismo poético uma arma das mais interessantes nessa luta. Não é a luta de quem pretende uma tomada de poder, mas de quem anseia pela expansão do senso crítico. E o terrorismo poético não é a única arma, mas uma das mais sedutoras, porque pega as pessoas desprevenidas, convida-as para a reflexão usando métodos heterodoxos, diante dos quais ninguém tem um escudo pronto.
Uso aqui o "nós" porque as posições coincidem em muitos pontos, não porque somos um movimento. Contudo, o que nos interessa é a liberdade, um ideal muito mais verdadeiro que a "bondade", coisa que a rigor sequer existe - para quem tem dúvidas, que leia um pouco de Nietzsche, e entenda por a + b que a bondade é uma ficção. A propagação de qualquer ideologia baseada em imperativos categóricos só pode mobilizar através de uma nova forma de domínio, o que não deixa de ser bastante limitador. Nossa ética, por sua vez, tem uma presença imanente: é a constatação de que a liberdade individual entra em choque com a mentalidade do capitalismo avançado, por mais individualista que seja esse sistema. A competição exarcebada, a decorrente violência, os desejos inculcados artificialmente pela publicidade... não vamos entrar em detalhes em um texto curto, mas o caso é que tudo isso tende a diminuir a potência do indivíduo e a qualidade de sua vida, mesmo que na aparência seja o contrário. Porém, a contradição está dos dois lados, tanto à esquerda quanto à direita. Afinal, que liberdade seria essa em que, para questionar os abusos do poder, uma vontade autêntica (de gastar um pouco de dinheiro) tivesse que ser duramente reprimida? Não se pode ser dogmático, não se pode insistir que o consumo traga somente a infelicidade, nenhum ideal vai muito longe apoiado em sofismas. Por esse motivo não condeno Ari quando diz que não devemos rejeitar o dinheiro, apenas ter uma relação mais saudável com ele. Em uma de suas tiradas, ele disse algo com que só posso concordar: "Não estou falando de não comer, estou falando de mastigar antes de engolir. Estou falando de sentir o gosto da parada a tempo de cuspir fora se for uma merda. Ou pior: veneno. Enfim, senso crítico."
Ari está aposentado como terrorista poético. Aquela fase de sua vida ao menos rendeu seu Manual Prático da delinqüencia Juvenil, que me anima por se tratar de um convite à reflexão acessível a qualquer adolescente esperto. É preciso algo mais cativante do que panfletos para conquistar quem poderia muito bem se encerrar no egoísmo, e nesse ponto o Ari é prato cheio para os jovens. A linguagem dele é a linguagem das ruas, sua ironia questiona e diverte ao mesmo tempo e suas aventuras são demonstrações práticas de que o melhor da vida não está nas promessas do status quo. Não é um livro que ensina como derrubar o sistema, mas ensina a não abaixar a cabeça.
Ainda assim, para mim está bastante claro que a delinqüencia só pode mesmo ser juvenil, não é aconselhável para quem começa a ter rugas na cara. Tanto é verdade que o novo herói de Ari é George Soros, um dos maiores especuladores de todos os tempos. Ainda assim, Soros não é simplesmente um "porco capitalista". Também é um homem excêntrico, que alimenta associações de esquerda das mais atuantes e a defesa de programas polêmicos, tais como a legalização do aborto. Eu nunca duvidei que pode haver coerência entre subversão e acumulação de capital, não só pelo exemplo do Soros, que realmente incomoda os conservadores, como pelo exemplo de Asger Jorn, um pouco mais caro para mim. Asger Jorn foi um pintor expresssionista do grupo COBRA, que pintou seguindo seu desejo, sem se render aos preceitos sufocantes da arte engajada. Ele pintou telas que eram prazerosas tanto para ele quanto para o público, abusou das brechas do sistema, ganhou dinheiro, deve ter gasto com algumas regalias porque ninguém é de ferro, mas uma generosa parte dessa renda foi para Guy Debord e os situacionistas. Com isso, a atuação dele rendeu muito mais frutos na expansão do senso crítico do que os lamentos exangües da atual arte engajada, que nada tem de livre, nem de prazerosa, nem de contundente. Também por isso não me interessa a anti-arte, já que toda grande obra, mesmo quando formalista e apolítica, contribui para uma mentalidade mais elástica. Um bom artista sabe despertar no espectador a sensação de que a vida pode ser intensa, que pode ir um pouco além do materialismo. Eis porque vejo mais coerência em defender tanto o terrorismo poético quanto a arte erudita, cada uma em seu campo de atuação, do que diluir uma coisa na outra e chegar a uma "arte engajada" que pouco mais consegue do que assumir uma séria crise de identidade.
Obs: uma ou outra pessoa chegou a pensar que eu sou o Ari Almeida ou que ele é uma ficção minha. É bom esclarecer que não moramos na mesma cidade e tampouco nos conhecemos pessoalmente. Aliás, somente por dedução posso afirmar que ele não é fictício. São poucas as pistas que ele deixou quanto à veracidade de suas ações, mas algumas delas são suficientes para supor que, por mais fantástico que pareça, ele pôs em prática as ousadias relatadas em seu livro.
Logo depois de publicar meu artigo sobre essa figura imprevisível, nosso maior terrorista poético, me surpreendi com uma entrada em seu blog que a princípio daria a entender que ele passou por uma alteração brusca em sua maneira de pensar, Dinheiro como Deus: Uma mudança na percepção do dinheiro enquanto valor.
Nos comentários, as reações variaram ente "Alguma coisa mudou nesse blog" e "O Ari endoidou". Um tanto doido ele sempre foi, afinal apanhar sistematicamente de seguranças ao desafiar shopping centers, igrejas e outros redutos do consumismo e da moral não é um comportamento dos mais comuns. No entanto, todas as ações descritas em seu Manual Prático de delinqüencia juvenil, por mais inusitadas e polêmicas que sejam, transmitem uma análise sobre o poder bem mais lúcida do que a que o stablishment tenta nos vender. Há pelo menos dois anos eu acompanho o blog de Ari Almeida, e, por mais porra-louca que ele seja, me convenceu de ser alguém que sonha com um mundo mais livre. Trata-se de um neo-anarquista, leitor de Hakim Bey, Foucault e Deleuze, capaz de escancarar as contradições do sistema capitalista em ações criativas, que, a meu ver, se parecem um pouco com o que vem ocorrendo na atual "arte engajada", porém com uma contundência muito maior. No mínimo me parecem mais sinceras, como vocês podem conferir na resenha que escrevi para o Casulo, disponível logo abaixo.
Confesso que me senti um tanto culpado no dia do lançamento do Casulo. Não por defender alguém tão radical, mas, pelo contrário, por no mesmo dia ter me apresentado em um espaço patrocinado por um banco, o Itaú Cultural. Se nosso Delinqüente está nesse exato momento confundindo todos que o tomam como um herói do combate ao sistema, eu, apesar de não ter um currículo como o dele, fui tão contraditório quanto. Ao mesmo tempo que eu elogiava um terrorista poético que exorcisava bancos, "lugares do mal" como ele diz, minha arte estava à disposição do Itaú, o que de certa forma agrega valor à instituição. No mundinho das artes prospera uma militância ferrenha, um povo tão obsecado pelo ideal de uma arte imune ao mercantilismo que já não consegue olhar para obra nenhuma, apenas para os veículos em que ela aparece. Eu já escrevi muitas vezes que essa ala mais crítica, que conseguiu estabelecer o pensamento dominante em artes plásticas, nunca foi coerente, apenas faz barulho mas não age de acordo com o que prega. De qualquer modo, mais parecia uma brincadeira do destino que, no dia primeiro deste mês, eu estivesse ao mesmo tempo lançando um texto quase inofensivo em um banco e outro texto, combativo, que criticava não só os bancos como todos os perpetuadores da lógica selvagem do capitalismo.
Vou tentar dar conta aqui dessas contradições, tanto as minhas quanto as do Ari. No texto mais recente de seu blog, pela primeira vez ele fez algo como um elogio sem pudores ao dinheiro. Uma coisa surpreendente, vinda de alguém que colocou meninos de rua em um shopping, atacou a fábrica da Renault, e dispara afirmações como "a generosidade não tem vez no mercado global". Por outro lado, jamais notamos em Ari uma posição comprometida com qualquer militãncia tradicional. Pelo contrário, ele deixou claro muitas vezes que não se orientava por uma Revolução, mas pelos levantes, pelos breves momentos de liberdade - o que Hakim Bey chamaria de TAZ (Zona Autônoma Temporária) e Deleuze de linhas de fuga. Uma coisa que me atraiu nesses discursos foi constatar que seus inimigos são os mesmos que os meus: o pensamento único, a realidade consensual. Pensar que o inimigo seria simplesmente "o capitalismo" apenas nos faria patinar na lama, já que não se trata de algo tão monolítico quanto se pode imaginar. Além disso, por mais que simpatizemos com ideais igualitários, não acreditamos que as pessoas já tenham uma mentalidade à altura de uma sociedade anarquista. Talvez jamais venham a ter, e ainda assim considero o terrorismo poético uma arma das mais interessantes nessa luta. Não é a luta de quem pretende uma tomada de poder, mas de quem anseia pela expansão do senso crítico. E o terrorismo poético não é a única arma, mas uma das mais sedutoras, porque pega as pessoas desprevenidas, convida-as para a reflexão usando métodos heterodoxos, diante dos quais ninguém tem um escudo pronto.
Uso aqui o "nós" porque as posições coincidem em muitos pontos, não porque somos um movimento. Contudo, o que nos interessa é a liberdade, um ideal muito mais verdadeiro que a "bondade", coisa que a rigor sequer existe - para quem tem dúvidas, que leia um pouco de Nietzsche, e entenda por a + b que a bondade é uma ficção. A propagação de qualquer ideologia baseada em imperativos categóricos só pode mobilizar através de uma nova forma de domínio, o que não deixa de ser bastante limitador. Nossa ética, por sua vez, tem uma presença imanente: é a constatação de que a liberdade individual entra em choque com a mentalidade do capitalismo avançado, por mais individualista que seja esse sistema. A competição exarcebada, a decorrente violência, os desejos inculcados artificialmente pela publicidade... não vamos entrar em detalhes em um texto curto, mas o caso é que tudo isso tende a diminuir a potência do indivíduo e a qualidade de sua vida, mesmo que na aparência seja o contrário. Porém, a contradição está dos dois lados, tanto à esquerda quanto à direita. Afinal, que liberdade seria essa em que, para questionar os abusos do poder, uma vontade autêntica (de gastar um pouco de dinheiro) tivesse que ser duramente reprimida? Não se pode ser dogmático, não se pode insistir que o consumo traga somente a infelicidade, nenhum ideal vai muito longe apoiado em sofismas. Por esse motivo não condeno Ari quando diz que não devemos rejeitar o dinheiro, apenas ter uma relação mais saudável com ele. Em uma de suas tiradas, ele disse algo com que só posso concordar: "Não estou falando de não comer, estou falando de mastigar antes de engolir. Estou falando de sentir o gosto da parada a tempo de cuspir fora se for uma merda. Ou pior: veneno. Enfim, senso crítico."
Ari está aposentado como terrorista poético. Aquela fase de sua vida ao menos rendeu seu Manual Prático da delinqüencia Juvenil, que me anima por se tratar de um convite à reflexão acessível a qualquer adolescente esperto. É preciso algo mais cativante do que panfletos para conquistar quem poderia muito bem se encerrar no egoísmo, e nesse ponto o Ari é prato cheio para os jovens. A linguagem dele é a linguagem das ruas, sua ironia questiona e diverte ao mesmo tempo e suas aventuras são demonstrações práticas de que o melhor da vida não está nas promessas do status quo. Não é um livro que ensina como derrubar o sistema, mas ensina a não abaixar a cabeça.
Ainda assim, para mim está bastante claro que a delinqüencia só pode mesmo ser juvenil, não é aconselhável para quem começa a ter rugas na cara. Tanto é verdade que o novo herói de Ari é George Soros, um dos maiores especuladores de todos os tempos. Ainda assim, Soros não é simplesmente um "porco capitalista". Também é um homem excêntrico, que alimenta associações de esquerda das mais atuantes e a defesa de programas polêmicos, tais como a legalização do aborto. Eu nunca duvidei que pode haver coerência entre subversão e acumulação de capital, não só pelo exemplo do Soros, que realmente incomoda os conservadores, como pelo exemplo de Asger Jorn, um pouco mais caro para mim. Asger Jorn foi um pintor expresssionista do grupo COBRA, que pintou seguindo seu desejo, sem se render aos preceitos sufocantes da arte engajada. Ele pintou telas que eram prazerosas tanto para ele quanto para o público, abusou das brechas do sistema, ganhou dinheiro, deve ter gasto com algumas regalias porque ninguém é de ferro, mas uma generosa parte dessa renda foi para Guy Debord e os situacionistas. Com isso, a atuação dele rendeu muito mais frutos na expansão do senso crítico do que os lamentos exangües da atual arte engajada, que nada tem de livre, nem de prazerosa, nem de contundente. Também por isso não me interessa a anti-arte, já que toda grande obra, mesmo quando formalista e apolítica, contribui para uma mentalidade mais elástica. Um bom artista sabe despertar no espectador a sensação de que a vida pode ser intensa, que pode ir um pouco além do materialismo. Eis porque vejo mais coerência em defender tanto o terrorismo poético quanto a arte erudita, cada uma em seu campo de atuação, do que diluir uma coisa na outra e chegar a uma "arte engajada" que pouco mais consegue do que assumir uma séria crise de identidade.
Obs: uma ou outra pessoa chegou a pensar que eu sou o Ari Almeida ou que ele é uma ficção minha. É bom esclarecer que não moramos na mesma cidade e tampouco nos conhecemos pessoalmente. Aliás, somente por dedução posso afirmar que ele não é fictício. São poucas as pistas que ele deixou quanto à veracidade de suas ações, mas algumas delas são suficientes para supor que, por mais fantástico que pareça, ele pôs em prática as ousadias relatadas em seu livro.
12.12.07
Contos de uma experiência intermundana.
Acabo de retornar do lado azul do fundamentalismo e se lobsang rampa pode falar do Tibete sem nunca ter saído da Inglaterra eu como um bom marginal posso falar do branquino sem maiores problemas!
Em síntese, o individuo branquino sofre de crise de identidade e sempre cai em contradição. De toda a classe eles são os mais desprezáveis e imbeciloides, sua retórica consiste num aglutinado de coisas que esse tipo de ser vai percebendo e absorvendo muitas vezes a força. A característica mais detestável desse tipo fundamentalista é que é portador de paciência absoluta, sendo essa uma característica auto-destrutiva pois quando se choca com tipos alma-sebosas promiscos, sempre são mortos, dilacerados e estuprados com objetos nunca delicados.
pelo menos o lado azulado é bem mais introspectivo, acredita que eles nem são tão fundamentalistas assim... tive oportunidade exclusiva de flagrar um elemento azuloide desequilibrado confabulando consigo mesmo, como mandar a camada mais palerma do tipo para a classe vermeloide (a classe vermeloide é a classe mais perseguida dos fundamentalistas, entrando no século XXI praticamente em extinção e devido a essa circunstância, os seres dessas classe aprendem desde cedo a terem grande habilidade, ou seja... os palermas azuloides não chegariam nem a se transferir para classe vemeloide seriam aniquilados, morrendo de hemorragia pelos dedos, já que esses estariam todos no seu cu, divididos em falanges).
Eu não podia acreditar no que eu estava vendo, nunca tinha visto nada parecido, então não podia perder esta ímpar oportunidade, e num êxtase para fuder o fundamentalista, usei a arma mais mais temida por todo tipo de fundamentalista: o flagra.
EI RAPÁ!!!!!!
ia aproveitar o momento para valorizar o silêncio, olhando pra ele com ódio, deixa-lo mais tenso e tentar cavar ainda mais a cova que ia entrar em segundos. mas foi quando fui surpreendido, ele simplesmente se assustou e retrucou:
- vai olhar teu cu no espelho pra tu se assustar quando vê que ele não tem mais prega!
eu não acreditando fui para cima...
- COMO É RAPA! SEM PREGA É O CU DA CACHORA DA TUA MÃE QUE VIVE LAMBENDO A PORRA QUE SAI ESCORRENDO PELO TEU REGO DOS JUMENTO QUE TE COME FILHO DE UMA PUUUUTA! AGORA TU VAI VER O QUE É CU SEM PREGA, BILOLA SEM CABEÇA, FUCINHO SEM OLHO, BOCA SEM DENTE, MÃO SEM DEDO, PERNA SEM PÉ, OUVIDO SEM ORELHA E JOELHO SEM ROTULA PQ EU VOU ARRANCAR TUDINHO E BUTAR TUDO DENTRO DO OLHO DO SEU CU...
enquanto eu falava, o dito cujo olhava pra mim com um cara de "só era o que me faltava" e acendeu um cigarro.
eu não estava acreditando no que estava vendo, era um tipo atípico de fundamentalista, como assim... ele não temer o flagra e todo o quexão que eu botei nele, realmente era coisa do outro mundo!
... continua!
Em síntese, o individuo branquino sofre de crise de identidade e sempre cai em contradição. De toda a classe eles são os mais desprezáveis e imbeciloides, sua retórica consiste num aglutinado de coisas que esse tipo de ser vai percebendo e absorvendo muitas vezes a força. A característica mais detestável desse tipo fundamentalista é que é portador de paciência absoluta, sendo essa uma característica auto-destrutiva pois quando se choca com tipos alma-sebosas promiscos, sempre são mortos, dilacerados e estuprados com objetos nunca delicados.
pelo menos o lado azulado é bem mais introspectivo, acredita que eles nem são tão fundamentalistas assim... tive oportunidade exclusiva de flagrar um elemento azuloide desequilibrado confabulando consigo mesmo, como mandar a camada mais palerma do tipo para a classe vermeloide (a classe vermeloide é a classe mais perseguida dos fundamentalistas, entrando no século XXI praticamente em extinção e devido a essa circunstância, os seres dessas classe aprendem desde cedo a terem grande habilidade, ou seja... os palermas azuloides não chegariam nem a se transferir para classe vemeloide seriam aniquilados, morrendo de hemorragia pelos dedos, já que esses estariam todos no seu cu, divididos em falanges).
Eu não podia acreditar no que eu estava vendo, nunca tinha visto nada parecido, então não podia perder esta ímpar oportunidade, e num êxtase para fuder o fundamentalista, usei a arma mais mais temida por todo tipo de fundamentalista: o flagra.
EI RAPÁ!!!!!!
ia aproveitar o momento para valorizar o silêncio, olhando pra ele com ódio, deixa-lo mais tenso e tentar cavar ainda mais a cova que ia entrar em segundos. mas foi quando fui surpreendido, ele simplesmente se assustou e retrucou:
- vai olhar teu cu no espelho pra tu se assustar quando vê que ele não tem mais prega!
eu não acreditando fui para cima...
- COMO É RAPA! SEM PREGA É O CU DA CACHORA DA TUA MÃE QUE VIVE LAMBENDO A PORRA QUE SAI ESCORRENDO PELO TEU REGO DOS JUMENTO QUE TE COME FILHO DE UMA PUUUUTA! AGORA TU VAI VER O QUE É CU SEM PREGA, BILOLA SEM CABEÇA, FUCINHO SEM OLHO, BOCA SEM DENTE, MÃO SEM DEDO, PERNA SEM PÉ, OUVIDO SEM ORELHA E JOELHO SEM ROTULA PQ EU VOU ARRANCAR TUDINHO E BUTAR TUDO DENTRO DO OLHO DO SEU CU...
enquanto eu falava, o dito cujo olhava pra mim com um cara de "só era o que me faltava" e acendeu um cigarro.
eu não estava acreditando no que estava vendo, era um tipo atípico de fundamentalista, como assim... ele não temer o flagra e todo o quexão que eu botei nele, realmente era coisa do outro mundo!
... continua!
10.12.07
A Herança Daimonica de Jung
James Hillman
Este ensaio foi pela primeira vez apresentado em Milão na Conferência "Presente e Herança Cultural" que comemorava o 25° aniversário da morte de C. G. Jung, no Centro Italiano di Psicologia Analitica, em 1987. Está publicado na revista SPHINX 1/1988, Londres, Inglaterra.
Tradução de Gustavo Barcellos
Durante os funerais de Jung na Igreja Reformista Suíça em Kusnacht, o pastor descreveu aquele que ali se homenageava como um herege. É sobre essa face herética de Jung e seu legado para nossa cultura que gostaria de refletir neste ensaio. E, para essa reflexão, vamos olhar histórica e hereticamente para os primeiros trabalhos de Jung na virada do século.
Entre dezembro de 1900 e 1909, Jung trabalhou e viveu no hospital psiquiátrico de Burghoelzli, primeiramente como residente e depois como chefe-assistente. Ele era um membro praticante da Anstaltpsychiatrie, aquele estilo e método de atendimento que implica em uma intensa participação e observação diárias dos pacientes, típica do século XIX, um método que resultou no diagnóstico diferencial que a psicopatologia continua a empregar hoje em dia. Ele era, aparentemente, um membro efetivo do grupo.
Foi lá, durante uma das conferências internas habituais, que ele resenhou A Interpretação dos Sonhos, de Freud, livro o qual Jung foi um dos primeiros e únicos leitores. Apenas 351 cópias do Die Traumdeutung foram vendidas nos seis primeiros anos após sua publicação. Quer seja pelo estímulo de Bleuler, ou por sua própria vontade, Jung tinha o olhar voltado para idéias radicais, heréticas.
Durante esse período, entre os vinte e os trinta e poucos anos de Jung, o Burghoelzli era o lugar para quem tinha um intenso interesse pelas associações mentais. A noção empírica da mente, derivada originalmente de Aristóteles e depois Locke, Hume e Jeremy Bentham em nosso tempo, afirmava que os eventos mentais poderiam ser modelados em cadeias de associações. As leis dessas cadeias tornaram-se domínio da psicologia, tornou-se, em larga escala, a Psicologia, particularmente depois que ela foi aperfeiçoada nos experimentos e teorias do século XIX, primeiramente por Francis Galton e depois por Wundt.
Galton, que era primo de Darwin, ao tempo do nascimento de Jung já havia elaborado uma lista de palavras e medido o tempo de suas próprias associações a elas. E Thomas Brown, de Edinburgo, antes ainda no mesmo século, já havia investigado diferenças individuais nas associações, elaborando algo em torno de nove ou dez leis sobre como e porque idéias evocam outras idéias. A tarefa no Burghoelzli era entrar na mente do paciente através das associações, já que elas, dizia Bleuler, "eram o caminho para se compreender o homem completo”.
Jung virou de cabeça para baixo a coisa toda. Ele fazia novas e heréticas perguntas. Não perguntava que caminhos seguem as associações, nem como e porque funcionam. Em vez disso: como, porque e quando a associação não funciona. Não quais eram suas leis, mas o que as perturbava. Ele voltou-se para o estranho, o anormal, o patologizado. A questão, colocada nos termos do "o que" perturba as associações, implica um "o que", algo "outro", um bloqueio ou interferência, um ímpeto interveniente para além da inércia de um idiota ou da resistência voluntária de um beócio. Um "o que", um "algo", um "outro" mais forte que as próprias leis das associações. Ele não apenas tinha divisado um método experimental para a investigação do inconsciente freudiano; tinha também reimaginado o ser humano como um locus de complexos semi-autônomos, que depois descreveu como daimones, espíritos, kobolds, pequena gente e Deuses.
Claro Jung já havia feito algo semelhante em outro grande trabalho de seus primeiros anos, sua tese de doutorado. No parágrafo de abertura, Jung focaliza seu interesse em "certos estados de consciência”. Ele investiga "fenômenos ocultos”. Numa dissertação médica! Muito estranho. Não uma patografia no sentido comum, um estudo neurológico à la Freud, mas uma patografia dos espíritos; espiritismo. Um estudo não de Helena, ou Frau S. W. como foi chamada, mas sim um estudo sobre o "o que" perturba a atenção usual, um estudo sobre os "outros”, as vozes, figuras e ideações que falavam através de Frau S. W.
Em sua dissertação Jung apresenta uma idéia fundamental que é a idéia fundamental de minhas observações aqui: "o caso não muito comum” , como diz Jung, é para onde se olhar na busca de "uma riqueza de observações interessantes”. O insight é ganho a partir daquilo que ele chama de "inferioridade psicopática”. Esses casos estranhos, diz Jung já no começo de sua tese escrita quando ele tinha 23 ou 24 anos, apontam para algo mais do que meramente uma relação analógica com a psicologia da normalidade. Aqui Jung afirma uma característica metodológica, também compartilhada por Freud e básica a toda a psicologia profunda (ou seja, a psicologia não-humanista, não-transcendental). Começamos com o anômalo, o estranho, o excepcional. Esse método foi muito sucintamente colocado por Edgar Wind: "o lugar comum pode ser entendido como uma redução do excepcional, mas o excepcional não pode ser entendido ao amplificarmos o lugar comum… o excepcional é crucial porque introduz… a categoria mais ampla”.
Sim, ocultismo e espiritismo eram temas comuns e apreciados no começo do século. Também os experimentos de associação. Mas Jung deu ao espiritismo uma virada herética — não por reduzi-lo medicamente à inferioridade psicopática, isto é, a personalidade de Frau S. W., sua desordem e seu tratamento, tentando curar eliminando as outras vozes e figuras. A virada herética estava mais em tomar os outros mais seriamente, dando suporte a suas ideações, substancializando-os e a suas intenções e traços com analogias literárias e históricas. Novamente, seu olhar radical estava pousado nesses daimones e sua relativa autonomia. Ele foi ao encontro da radical independência dos "outros" com a radical independência de suas próprias idéias. Ao invés de reduzi-los a seus constructos mentais, ele expandiu seus constructos mentais por causa deles.
Esses dois exemplos do olhar de Jung para o estranho antecipam sua idéia posterior essencial de personalidade: a idéia da individuação. "A personalidade," como Jung a define, "é a suprema realização da idiossincrasia inata de um ser vivo" (Collected Works 17, §289). O caminho rumo à realização dessa idiossincrasia inata, ou "individuação," Jung define como um "processo de diferenciação" (CW 6, §757). "Diferenciação," declara ele, "significa o desenvolvimento das diferenças, a separação das partes do todo" (CW 6, §705). Não é a totalidade que define a individuação, mas a separação das partes: complexos das funções, projeções das realidades, o individual do coletivo, imagens-de-Deus dos Deuses e o metafórico do metafísico. (CW 11, §835-36; CW 13, §73-75). "Diferenciação significa o desenvolvimento das diferenças," diz Jung. Diferenciação dá a sensação da diferença, a sensação de ser diferente, de diferirmo-nos de nós mesmos e dos outros, de sermos estranhos. Ele até mesmo caracteriza diferenciação como "isolamento" e diz que é o sine qua non da consciência diferenciada. (CW 13, §395) "A individuação é o tornar-se aquilo que não é o ego... aquilo que você não é... Você se sente como se fosse um estranho" (SPRING 75, p. 31). A neurose, que nos aparta fazendo-nos sentir agudamente diferentes, torna-se uma culpa beata pois é a primeira manifestação de isolamento e de heresia. O radicalismo começa na não-adaptação, aquele não-conformismo ou anormalidade da idiossincrasia. A própria autonomia dos sintomas no sofrimento neurótico que não pode ser suprimida, não pode ser extraída e nem aceita — essa autonomia das partes, que experimentamos como sintomas — é a primeira evidência de diferenciação radical. A neurose torna-se o sine qua non da individuação. Individuação e patologizar são inseparáveis, tanto na teoria quanto na existência.
Já que o olhar de Jung era assim tão atraído pelo idiossincrático, quer seja no fato experimental ou no sofrimento clínico, ele foi forçado a procurar por modos mais amplos de compreensão normativa, tais como tipos e arquétipos. Tipos e arquétipos podem generalizar anomalias. De fato, ambos têm maneiras de abarcar o aspecto patologizado dos fenômenos: os primeiros como "função inferior," os segundos como universali fantastici (Vico), ou seja, personificações míticas repletas de exageros. Contudo, uma vez que ninguém é sempre típico e nenhum fenômeno sempre apenas arquetípico, esses agrupamentos mais amplos sempre desconsideram a particularidade e devem se submeter eventualmente à prioridade da individualidade.
Exatamente aqui a idéa junguiana de Self torna-se teoricamente crucial. Ela resolve este problema entre universais monotéticos e individualidades idiossincráticas pois, mesmo que a noção de Self afirme um princípio formal abstrato em funcionamento em todos os seres humanos ao mesmo tempo, ela insiste na idiossincrasia de cada existência. Sempre que a peculiaridade única do Self em qualquer indivíduo dá lugar a símbolos, emoções ou formulações estereotipados, temos a grande patologia do sistema de Jung: a possessão ou identificação com o Self, ou seja, a psicose. Para dizê-lo mais radicalmente, somente a peculiaridade individualizada de nossas psicopatologias nos protege contra a loucura maior. Somos salvos por nossas anomalias ou, como o disse Jung frequentemente, nós não curamos nossos sintomas, eles nos curam.
As analogias religiosas que Jung emprega — Cristo nascido numa manjedoura, o lapis como materia vilis, o ouro no estrume, a pedra que os construtores rejeitaram — expressam o profundo protesto, o profundo protestantismo que se anunciou nos horrendos e heréticos sonhos de infância com o monstro fálico e o monte de excremento sobre a igreja. Podemos falar de "radicalismo congênito," um impulso daimônico dado com sua natureza? Ao menos digamos que ele foi forçado num caminho diferente, um caminho que exigiu dele fazer de sua real idiossincrasia e abandono pelo "pai" a virtude abrangente que ele chamou de "individuação." Mas individuação não é uma idealizada completude centralizante ou totalidade. "Eu não acredito que tal centro (Self) exista," disse numa entrevista a Miguel Serrano. Nem a individuação é atingida por incrementos de desenvolvimento. Em vez, a individuação é a realização da idiossincrasia inata, da diferença inata. Ela não aparece no futuro fictício do envelhecimento. Ela aparece fenomenicamente, em qualquer momento estranho de diferença. A individuação ocorre sempre que normas e hátitos usuais do sujeito são deslocados. Somos vítimas da individuação, não seus patrocinadores.
O olhar de Jung para o estranho recolheu e iluminou fenômenos inusuais um atrás do outro: misticismo tibetano muito antes dos vagabundos do dharma; Zen muito antes de Alan Watts; a sabedoria trickster dos índios americanos antes de Castañeda e Rothenberg; alquimia, parapsicologia e atrologia antes destas serem absorvidas pelos viajantes da Nova Era; a psique da física teórica muito antes de Capra; I Ching antes dos biscoitinhos da sorte; a ressurreição do feminino antes das feministas; a natureza da consciência africana antes de van der Post; o colapso do Cristianismo coletivo antes das filosofias do Deus-está-morto e da teologia do pós holocausto. Ele inspirou os Alcoólatras Anônimos; foi um dos primeiros a dar testemunho do poder do mito como uma realidade viva em funcionamento em ilusões coletivas tais como o Nacional Socialismo e os discos voadores. E muito antes que Timothy Leary e Ram Dass tomassem suas formas humanas ele já havia escrito sobre o fator tóxico nas condições psíquicas bizarras, ou estados alterados, da psicose.
Não é de espantar que Jung tenha virado um Santo da Nova Era aparecendo, já no começo dos anos sessenta, entre os ícones na capa de um disco dos Beatles.
Mas esses tópicos — sincronicidade, a psique geográfica e racial, ilusões políticas, zen — não são a herança. A fantasia profética aquariana não é a herança. Sejamos bem claros. Não as palavras; mas os verbos e advérbios. Não o campo; mas seu arado. Não o que ele viu; mas como ele viu. Não a lua; mas o inquisitivo e torto dedo que a aponta. Acreditar que avançar a psicologia de Jung ainda mais no inconsciente é avançar esses tópicos, é arar os mesmos sulcos profundos e colher uma safra mais rala. Pior, trata-se do literalismo errado. Pois o inconsciente não reside nos campos onde ele o encontrou. O inconsciente toma a si mesmo bem literalmente: busca permanecer inconsciente, portanto ele sempre escapa. "A natureza ama se ocultar," disse Heráclito. Assumir que os campos que Jung explorou são hoje as explorações do inconsciente é ficar preso no tempo, como os fãs de Rudolf Steiner vestindo-se na moda pré-primeira-guerra, como os freudianos ortodoxos com suas barbas e divãs, ou os hippies ainda usando suas faixas na cabeça e sandálias dos anos sessenta. Entre nós junguianos esse erro de identificar o inconsciente com seus campos aparece nas preocupações com o mal, com mandalas pintadas, ou com insultar ou revificar o Cristianismo. Demonstrar a tipologia com evidências estatísticas, usar imaginação ativa como uma técnica com guias espirituais, revestir a cultura com o 'feminino,' com a sombra ou Mercúrio — esses encargos dos herdeiros de Jung com os quais, ao menos, eles não o trocam por Kohut, Klein, Grof ou Lacan — são tentativas de seguir o mestre que não seguem o mestre. Em vez, eles fazem ego onde havia id. Eles seguem Freud, a abordagem modernista, positivista e psicodinâmica, ampliando o âmbito do conhecimento ao incrementarem a ambição da razão conceitual. Didática. Seguidores podem ser razoáveis e aceitáveis; Jung só podia ser escandaloso e radical.
Digo tudo isso tão diretamente, com ironia retórica, porque temos apenas vinte e cinco minutos, tempo para um sermão, uma argumentação persuasiva que balance e deixe uma impressão emocional. Meu estilo almeja o próprio discurso de heresia que estou propondo. Voei o oceano, cruzei os Alpes para dizer isso.
E o que estou propondo como herança tem que ser afirmado num jeito negativo e irônico; a opus contra o familiar e natural. O radicalmente renovador não vai com a maré, mesmo quando aparentemente o tópico é um evento contemporâneo. Em 1936 Jung escreveu seu ensaio sobre Wotan. Muito significativo que ele tenha se pronunciado sobre a Alemanha e o Nacional Socialismo. Extraordinária foi sua percepção de que o mito estava ativo ali no meio da política, como esteve em Atenas, Roma e na Europa de Joana d'Arc e Cola di Rienzi. Os poderes arquetípicos não se mostram apenas nos livros simbólicos, nas religiões exóticas e nos consultórios. Eles se apoderam das ruas, da mídia, do campo de guerra. Ou, ainda como um outro exemplo: quando em 1950 a Igreja proclamou a doutrina da Assunção de Maria e a teologia de Jung parecia reconhecida por aquela retificação da trindade como o quarto feminino, sua teologia era radical, não porque era atemporal e profética, não porque o conteúdo supria um background teológico para o feminismo; era radical porque Jung arriscava-se numa teologia psicológica contra a reificação da Igreja de Pedro, contra noções ridículas de salvação através de um Jesus inofensivo.
E, quando a isso seguiu-se o escandaloso livro sobre Jó, lá estava mais uma vez a heresia — não meramente em função da teologia literal em suas proposições sobre uma figura de Deus inadequada e inconsciente precisando tornar-se humana; o homem como o salvador de Deus. Não; o escândalo mais verdadeiro estava na iconoclasia, o desfacelamento da tão querida e inviolável imagem de Deus ocidental. Jung havia deslocado o maior de todos os grandes temas. Novamente, o jeito de trabalhar, não o trabalho; o distúrbio, não a nova doutrina; o agon romântico de Jó e Jung, não o solidificado troféu que coroa a luta. É esse Jung biográfico, Jung do falo monstruoso e da igreja defecada que dá aquela carga paternal vitalizante à imagem de Jung na psique contemporânea.
Se não mantivermos a imago de Jung dessa maneira, Jung como um terrorista psicológico, um pós-moderno sempre deslocando o esperado, tremendo as bases, sua imagem esmaece num retrato da senilidade sábia, um membro do clube da história sentado em sua poltrona, mais um rei de cabelos brancos nas torres da cultura européia; e esquecemos das figuras heréticas e apaixonadas entre as quais ele está e por quem ele foi fascinado: Abelardo, Paracelso, Freud, von der Flue, os gnósticos e os alquimistas, Nietszche.
Portanto estou tentando nos afastar da noção de que a herança cultural de Jung está literalmente nos campos que ele abriu, e assim retornei a tais tópicos tediosos como experimentos de associação convencionais e sua tese acadêmica para salientar o estranho dom de Jung e seu legado à cultura: seu "deslocar o usual."
Deslocar o tema usual — este é o escândalo, a heresia; e é aí que Jung — arcaísta, patriarca, arqui-conservador — é radical no real sentido da palavra. Radical porque vai de volta aos radices, as raízes, os archai. Esses archai revertem adaptações híbridas e convenções coletivas a algo mais velho, profundo e mais essencial. Essas raízes não se conformam. As raízes protestam contra acomodações. As raízes atravessam qualquer camada de enxerto, qualquer expectativa, insistindo em torcer o seu jeito pelos caminhos abertos para elas. Para estarem certas têm que desviar. Eu uso a metáfora das "raízes;" Jung falou do "inconsciente arquetípico." E era, como ainda é, chegar às raízes do sofrimento, do sofrimento inconsciente, do sofrimento do inconsciente, das raízes, a preocupação da terapia radical.
Onde está o inconsciente hoje? Onde sofrem as raízes? Onde estão enterradas as faíscas de Sofia na escuridão de nosso mundo presente? Dar atenção a elas é a terapia junguiana da cultura.
O inconsciente hoje reside não apenas nos pacientes burgueses que estão, eles mesmos, tão frequentemente engajados na mesma profissão terapêutica, não apenas nos sonhos e nos relacionamentos, e dificilmente nas insignificantes e tramadas agonias da transferência, o bovarismo de Flaubert agora reescrito como a psicodinâmica do narcisismo. Sofia sofre hoje em nossas cidades, em nossa tecnologia, em nossas instituições e nossa política paranóica, essas furiosas superestruturas egoístas que perderam suas raízes elementais nos archai; e Sofia sofre nos padrões de produção, distribuição, consumo e lixo, nas coisas comuns do dia-a-dia que nos cercam neuroticamente chamando nossa atenção, com suas formas desmoralizadas, falsas personas e sua tendência para o colapso. O daimônico vive menos em nossos sonhos e mais em nossos dias, nossa inércia moral e exaustão anestesiada. O inconsciente se rebela em nosso mundo maníaco, não na sincronicidade, na sexualidade, nas deusas, na primeira infância e no transcendentalismo trivial. O inconsciente está onde sempre está, nas bordas da consciência, entrelaçado à consciência, onde não olhamos ou não queremos ver. Está no meio de nós. Estamos imersos na psique. Como insistiram os alquimistas, o ouro da possibilidade está no lixo horrendo mais próximo de nós.
A tarefa de trabalharmos a materia prima do inconsciente real sempre foi aquela do artista que não expressa meramente seu sofrimento, mas que reflete o tormento da anima mundi, o sofrimento das raízes. Por artista quero dizer o artesão, quer seja, artista, alquimista ou analista — aquele que toma nas mãos a madeira abandonada, os sons cacofônicos, os pedaços de bricolage e retorna essa insconsciência a suas raízes. O artesão trabalha através da anima rumo à anima mundi.
E assim, para concluir, a abordagem herética de Jung precisa ser renomeada. Afinal, ela assim foi chamada por um pastor dentro do contexto religioso de um funeral. Mas aquilo a que o pastor se referiu não é nada mais do que a visão das artes desde Giotto, Dante e Vitruvius; aquela visão daimônica que desloca o usual ao revertê-lo a seu archai. O mesmíssimo ato que esfacela o ícone familiar anuncia sua importância daimônica, elevando a imagem ao lugar primeiro.
Se a visão de Jung é semelhante àquela do artesão e sua vida conforma-se ao dever e destino do artista — apesar dos protestos de Jung, apesar de suas atitudes anti-estéticas, apesar de seu imenso e continuado compromisso com a religião — ainda assim este é o legado que ele deixa à cultura e é também sua terapia. Se sua visão é comparável com a do artista, então o trabalho da terapia também deve ser concebido ou imaginado como um empreendimento artístico, a reversão da medicina para sua arte, assim como a política para sua arte, o planejamento das cidades, o serviço social, a indústria, a educação — cada um como um trabalho com as raízes que sofrem. Cada um como uma tentativa de fazer alma a partir da inconsciência. Cada um uma tentativa de individuação do coletivamente dado. Cada ato da luta diária levemente em conflito com a luta diária, deslocando o usual, libertando a imagem cativa e aliviando o sofrimento de Sofia na matéria. Cada movimento sempre radical, subversivo, particularmente subversivo às noções confortáveis da psicoterapia usual, psicoterapia como usual, e sempre uma raiva contra a cega harmonia de uma vida anestesiada. Em vez, uma vida em meio ao notável, ao estranho, ao patologizado; os machucados e descontentes, em paz somente num mar revolto.
Este ensaio foi pela primeira vez apresentado em Milão na Conferência "Presente e Herança Cultural" que comemorava o 25° aniversário da morte de C. G. Jung, no Centro Italiano di Psicologia Analitica, em 1987. Está publicado na revista SPHINX 1/1988, Londres, Inglaterra.
Tradução de Gustavo Barcellos
Durante os funerais de Jung na Igreja Reformista Suíça em Kusnacht, o pastor descreveu aquele que ali se homenageava como um herege. É sobre essa face herética de Jung e seu legado para nossa cultura que gostaria de refletir neste ensaio. E, para essa reflexão, vamos olhar histórica e hereticamente para os primeiros trabalhos de Jung na virada do século.
Entre dezembro de 1900 e 1909, Jung trabalhou e viveu no hospital psiquiátrico de Burghoelzli, primeiramente como residente e depois como chefe-assistente. Ele era um membro praticante da Anstaltpsychiatrie, aquele estilo e método de atendimento que implica em uma intensa participação e observação diárias dos pacientes, típica do século XIX, um método que resultou no diagnóstico diferencial que a psicopatologia continua a empregar hoje em dia. Ele era, aparentemente, um membro efetivo do grupo.
Foi lá, durante uma das conferências internas habituais, que ele resenhou A Interpretação dos Sonhos, de Freud, livro o qual Jung foi um dos primeiros e únicos leitores. Apenas 351 cópias do Die Traumdeutung foram vendidas nos seis primeiros anos após sua publicação. Quer seja pelo estímulo de Bleuler, ou por sua própria vontade, Jung tinha o olhar voltado para idéias radicais, heréticas.
Durante esse período, entre os vinte e os trinta e poucos anos de Jung, o Burghoelzli era o lugar para quem tinha um intenso interesse pelas associações mentais. A noção empírica da mente, derivada originalmente de Aristóteles e depois Locke, Hume e Jeremy Bentham em nosso tempo, afirmava que os eventos mentais poderiam ser modelados em cadeias de associações. As leis dessas cadeias tornaram-se domínio da psicologia, tornou-se, em larga escala, a Psicologia, particularmente depois que ela foi aperfeiçoada nos experimentos e teorias do século XIX, primeiramente por Francis Galton e depois por Wundt.
Galton, que era primo de Darwin, ao tempo do nascimento de Jung já havia elaborado uma lista de palavras e medido o tempo de suas próprias associações a elas. E Thomas Brown, de Edinburgo, antes ainda no mesmo século, já havia investigado diferenças individuais nas associações, elaborando algo em torno de nove ou dez leis sobre como e porque idéias evocam outras idéias. A tarefa no Burghoelzli era entrar na mente do paciente através das associações, já que elas, dizia Bleuler, "eram o caminho para se compreender o homem completo”.
Jung virou de cabeça para baixo a coisa toda. Ele fazia novas e heréticas perguntas. Não perguntava que caminhos seguem as associações, nem como e porque funcionam. Em vez disso: como, porque e quando a associação não funciona. Não quais eram suas leis, mas o que as perturbava. Ele voltou-se para o estranho, o anormal, o patologizado. A questão, colocada nos termos do "o que" perturba as associações, implica um "o que", algo "outro", um bloqueio ou interferência, um ímpeto interveniente para além da inércia de um idiota ou da resistência voluntária de um beócio. Um "o que", um "algo", um "outro" mais forte que as próprias leis das associações. Ele não apenas tinha divisado um método experimental para a investigação do inconsciente freudiano; tinha também reimaginado o ser humano como um locus de complexos semi-autônomos, que depois descreveu como daimones, espíritos, kobolds, pequena gente e Deuses.
Claro Jung já havia feito algo semelhante em outro grande trabalho de seus primeiros anos, sua tese de doutorado. No parágrafo de abertura, Jung focaliza seu interesse em "certos estados de consciência”. Ele investiga "fenômenos ocultos”. Numa dissertação médica! Muito estranho. Não uma patografia no sentido comum, um estudo neurológico à la Freud, mas uma patografia dos espíritos; espiritismo. Um estudo não de Helena, ou Frau S. W. como foi chamada, mas sim um estudo sobre o "o que" perturba a atenção usual, um estudo sobre os "outros”, as vozes, figuras e ideações que falavam através de Frau S. W.
Em sua dissertação Jung apresenta uma idéia fundamental que é a idéia fundamental de minhas observações aqui: "o caso não muito comum” , como diz Jung, é para onde se olhar na busca de "uma riqueza de observações interessantes”. O insight é ganho a partir daquilo que ele chama de "inferioridade psicopática”. Esses casos estranhos, diz Jung já no começo de sua tese escrita quando ele tinha 23 ou 24 anos, apontam para algo mais do que meramente uma relação analógica com a psicologia da normalidade. Aqui Jung afirma uma característica metodológica, também compartilhada por Freud e básica a toda a psicologia profunda (ou seja, a psicologia não-humanista, não-transcendental). Começamos com o anômalo, o estranho, o excepcional. Esse método foi muito sucintamente colocado por Edgar Wind: "o lugar comum pode ser entendido como uma redução do excepcional, mas o excepcional não pode ser entendido ao amplificarmos o lugar comum… o excepcional é crucial porque introduz… a categoria mais ampla”.
Sim, ocultismo e espiritismo eram temas comuns e apreciados no começo do século. Também os experimentos de associação. Mas Jung deu ao espiritismo uma virada herética — não por reduzi-lo medicamente à inferioridade psicopática, isto é, a personalidade de Frau S. W., sua desordem e seu tratamento, tentando curar eliminando as outras vozes e figuras. A virada herética estava mais em tomar os outros mais seriamente, dando suporte a suas ideações, substancializando-os e a suas intenções e traços com analogias literárias e históricas. Novamente, seu olhar radical estava pousado nesses daimones e sua relativa autonomia. Ele foi ao encontro da radical independência dos "outros" com a radical independência de suas próprias idéias. Ao invés de reduzi-los a seus constructos mentais, ele expandiu seus constructos mentais por causa deles.
Esses dois exemplos do olhar de Jung para o estranho antecipam sua idéia posterior essencial de personalidade: a idéia da individuação. "A personalidade," como Jung a define, "é a suprema realização da idiossincrasia inata de um ser vivo" (Collected Works 17, §289). O caminho rumo à realização dessa idiossincrasia inata, ou "individuação," Jung define como um "processo de diferenciação" (CW 6, §757). "Diferenciação," declara ele, "significa o desenvolvimento das diferenças, a separação das partes do todo" (CW 6, §705). Não é a totalidade que define a individuação, mas a separação das partes: complexos das funções, projeções das realidades, o individual do coletivo, imagens-de-Deus dos Deuses e o metafórico do metafísico. (CW 11, §835-36; CW 13, §73-75). "Diferenciação significa o desenvolvimento das diferenças," diz Jung. Diferenciação dá a sensação da diferença, a sensação de ser diferente, de diferirmo-nos de nós mesmos e dos outros, de sermos estranhos. Ele até mesmo caracteriza diferenciação como "isolamento" e diz que é o sine qua non da consciência diferenciada. (CW 13, §395) "A individuação é o tornar-se aquilo que não é o ego... aquilo que você não é... Você se sente como se fosse um estranho" (SPRING 75, p. 31). A neurose, que nos aparta fazendo-nos sentir agudamente diferentes, torna-se uma culpa beata pois é a primeira manifestação de isolamento e de heresia. O radicalismo começa na não-adaptação, aquele não-conformismo ou anormalidade da idiossincrasia. A própria autonomia dos sintomas no sofrimento neurótico que não pode ser suprimida, não pode ser extraída e nem aceita — essa autonomia das partes, que experimentamos como sintomas — é a primeira evidência de diferenciação radical. A neurose torna-se o sine qua non da individuação. Individuação e patologizar são inseparáveis, tanto na teoria quanto na existência.
Já que o olhar de Jung era assim tão atraído pelo idiossincrático, quer seja no fato experimental ou no sofrimento clínico, ele foi forçado a procurar por modos mais amplos de compreensão normativa, tais como tipos e arquétipos. Tipos e arquétipos podem generalizar anomalias. De fato, ambos têm maneiras de abarcar o aspecto patologizado dos fenômenos: os primeiros como "função inferior," os segundos como universali fantastici (Vico), ou seja, personificações míticas repletas de exageros. Contudo, uma vez que ninguém é sempre típico e nenhum fenômeno sempre apenas arquetípico, esses agrupamentos mais amplos sempre desconsideram a particularidade e devem se submeter eventualmente à prioridade da individualidade.
Exatamente aqui a idéa junguiana de Self torna-se teoricamente crucial. Ela resolve este problema entre universais monotéticos e individualidades idiossincráticas pois, mesmo que a noção de Self afirme um princípio formal abstrato em funcionamento em todos os seres humanos ao mesmo tempo, ela insiste na idiossincrasia de cada existência. Sempre que a peculiaridade única do Self em qualquer indivíduo dá lugar a símbolos, emoções ou formulações estereotipados, temos a grande patologia do sistema de Jung: a possessão ou identificação com o Self, ou seja, a psicose. Para dizê-lo mais radicalmente, somente a peculiaridade individualizada de nossas psicopatologias nos protege contra a loucura maior. Somos salvos por nossas anomalias ou, como o disse Jung frequentemente, nós não curamos nossos sintomas, eles nos curam.
As analogias religiosas que Jung emprega — Cristo nascido numa manjedoura, o lapis como materia vilis, o ouro no estrume, a pedra que os construtores rejeitaram — expressam o profundo protesto, o profundo protestantismo que se anunciou nos horrendos e heréticos sonhos de infância com o monstro fálico e o monte de excremento sobre a igreja. Podemos falar de "radicalismo congênito," um impulso daimônico dado com sua natureza? Ao menos digamos que ele foi forçado num caminho diferente, um caminho que exigiu dele fazer de sua real idiossincrasia e abandono pelo "pai" a virtude abrangente que ele chamou de "individuação." Mas individuação não é uma idealizada completude centralizante ou totalidade. "Eu não acredito que tal centro (Self) exista," disse numa entrevista a Miguel Serrano. Nem a individuação é atingida por incrementos de desenvolvimento. Em vez, a individuação é a realização da idiossincrasia inata, da diferença inata. Ela não aparece no futuro fictício do envelhecimento. Ela aparece fenomenicamente, em qualquer momento estranho de diferença. A individuação ocorre sempre que normas e hátitos usuais do sujeito são deslocados. Somos vítimas da individuação, não seus patrocinadores.
O olhar de Jung para o estranho recolheu e iluminou fenômenos inusuais um atrás do outro: misticismo tibetano muito antes dos vagabundos do dharma; Zen muito antes de Alan Watts; a sabedoria trickster dos índios americanos antes de Castañeda e Rothenberg; alquimia, parapsicologia e atrologia antes destas serem absorvidas pelos viajantes da Nova Era; a psique da física teórica muito antes de Capra; I Ching antes dos biscoitinhos da sorte; a ressurreição do feminino antes das feministas; a natureza da consciência africana antes de van der Post; o colapso do Cristianismo coletivo antes das filosofias do Deus-está-morto e da teologia do pós holocausto. Ele inspirou os Alcoólatras Anônimos; foi um dos primeiros a dar testemunho do poder do mito como uma realidade viva em funcionamento em ilusões coletivas tais como o Nacional Socialismo e os discos voadores. E muito antes que Timothy Leary e Ram Dass tomassem suas formas humanas ele já havia escrito sobre o fator tóxico nas condições psíquicas bizarras, ou estados alterados, da psicose.
Não é de espantar que Jung tenha virado um Santo da Nova Era aparecendo, já no começo dos anos sessenta, entre os ícones na capa de um disco dos Beatles.
Mas esses tópicos — sincronicidade, a psique geográfica e racial, ilusões políticas, zen — não são a herança. A fantasia profética aquariana não é a herança. Sejamos bem claros. Não as palavras; mas os verbos e advérbios. Não o campo; mas seu arado. Não o que ele viu; mas como ele viu. Não a lua; mas o inquisitivo e torto dedo que a aponta. Acreditar que avançar a psicologia de Jung ainda mais no inconsciente é avançar esses tópicos, é arar os mesmos sulcos profundos e colher uma safra mais rala. Pior, trata-se do literalismo errado. Pois o inconsciente não reside nos campos onde ele o encontrou. O inconsciente toma a si mesmo bem literalmente: busca permanecer inconsciente, portanto ele sempre escapa. "A natureza ama se ocultar," disse Heráclito. Assumir que os campos que Jung explorou são hoje as explorações do inconsciente é ficar preso no tempo, como os fãs de Rudolf Steiner vestindo-se na moda pré-primeira-guerra, como os freudianos ortodoxos com suas barbas e divãs, ou os hippies ainda usando suas faixas na cabeça e sandálias dos anos sessenta. Entre nós junguianos esse erro de identificar o inconsciente com seus campos aparece nas preocupações com o mal, com mandalas pintadas, ou com insultar ou revificar o Cristianismo. Demonstrar a tipologia com evidências estatísticas, usar imaginação ativa como uma técnica com guias espirituais, revestir a cultura com o 'feminino,' com a sombra ou Mercúrio — esses encargos dos herdeiros de Jung com os quais, ao menos, eles não o trocam por Kohut, Klein, Grof ou Lacan — são tentativas de seguir o mestre que não seguem o mestre. Em vez, eles fazem ego onde havia id. Eles seguem Freud, a abordagem modernista, positivista e psicodinâmica, ampliando o âmbito do conhecimento ao incrementarem a ambição da razão conceitual. Didática. Seguidores podem ser razoáveis e aceitáveis; Jung só podia ser escandaloso e radical.
Digo tudo isso tão diretamente, com ironia retórica, porque temos apenas vinte e cinco minutos, tempo para um sermão, uma argumentação persuasiva que balance e deixe uma impressão emocional. Meu estilo almeja o próprio discurso de heresia que estou propondo. Voei o oceano, cruzei os Alpes para dizer isso.
E o que estou propondo como herança tem que ser afirmado num jeito negativo e irônico; a opus contra o familiar e natural. O radicalmente renovador não vai com a maré, mesmo quando aparentemente o tópico é um evento contemporâneo. Em 1936 Jung escreveu seu ensaio sobre Wotan. Muito significativo que ele tenha se pronunciado sobre a Alemanha e o Nacional Socialismo. Extraordinária foi sua percepção de que o mito estava ativo ali no meio da política, como esteve em Atenas, Roma e na Europa de Joana d'Arc e Cola di Rienzi. Os poderes arquetípicos não se mostram apenas nos livros simbólicos, nas religiões exóticas e nos consultórios. Eles se apoderam das ruas, da mídia, do campo de guerra. Ou, ainda como um outro exemplo: quando em 1950 a Igreja proclamou a doutrina da Assunção de Maria e a teologia de Jung parecia reconhecida por aquela retificação da trindade como o quarto feminino, sua teologia era radical, não porque era atemporal e profética, não porque o conteúdo supria um background teológico para o feminismo; era radical porque Jung arriscava-se numa teologia psicológica contra a reificação da Igreja de Pedro, contra noções ridículas de salvação através de um Jesus inofensivo.
E, quando a isso seguiu-se o escandaloso livro sobre Jó, lá estava mais uma vez a heresia — não meramente em função da teologia literal em suas proposições sobre uma figura de Deus inadequada e inconsciente precisando tornar-se humana; o homem como o salvador de Deus. Não; o escândalo mais verdadeiro estava na iconoclasia, o desfacelamento da tão querida e inviolável imagem de Deus ocidental. Jung havia deslocado o maior de todos os grandes temas. Novamente, o jeito de trabalhar, não o trabalho; o distúrbio, não a nova doutrina; o agon romântico de Jó e Jung, não o solidificado troféu que coroa a luta. É esse Jung biográfico, Jung do falo monstruoso e da igreja defecada que dá aquela carga paternal vitalizante à imagem de Jung na psique contemporânea.
Se não mantivermos a imago de Jung dessa maneira, Jung como um terrorista psicológico, um pós-moderno sempre deslocando o esperado, tremendo as bases, sua imagem esmaece num retrato da senilidade sábia, um membro do clube da história sentado em sua poltrona, mais um rei de cabelos brancos nas torres da cultura européia; e esquecemos das figuras heréticas e apaixonadas entre as quais ele está e por quem ele foi fascinado: Abelardo, Paracelso, Freud, von der Flue, os gnósticos e os alquimistas, Nietszche.
Portanto estou tentando nos afastar da noção de que a herança cultural de Jung está literalmente nos campos que ele abriu, e assim retornei a tais tópicos tediosos como experimentos de associação convencionais e sua tese acadêmica para salientar o estranho dom de Jung e seu legado à cultura: seu "deslocar o usual."
Deslocar o tema usual — este é o escândalo, a heresia; e é aí que Jung — arcaísta, patriarca, arqui-conservador — é radical no real sentido da palavra. Radical porque vai de volta aos radices, as raízes, os archai. Esses archai revertem adaptações híbridas e convenções coletivas a algo mais velho, profundo e mais essencial. Essas raízes não se conformam. As raízes protestam contra acomodações. As raízes atravessam qualquer camada de enxerto, qualquer expectativa, insistindo em torcer o seu jeito pelos caminhos abertos para elas. Para estarem certas têm que desviar. Eu uso a metáfora das "raízes;" Jung falou do "inconsciente arquetípico." E era, como ainda é, chegar às raízes do sofrimento, do sofrimento inconsciente, do sofrimento do inconsciente, das raízes, a preocupação da terapia radical.
Onde está o inconsciente hoje? Onde sofrem as raízes? Onde estão enterradas as faíscas de Sofia na escuridão de nosso mundo presente? Dar atenção a elas é a terapia junguiana da cultura.
O inconsciente hoje reside não apenas nos pacientes burgueses que estão, eles mesmos, tão frequentemente engajados na mesma profissão terapêutica, não apenas nos sonhos e nos relacionamentos, e dificilmente nas insignificantes e tramadas agonias da transferência, o bovarismo de Flaubert agora reescrito como a psicodinâmica do narcisismo. Sofia sofre hoje em nossas cidades, em nossa tecnologia, em nossas instituições e nossa política paranóica, essas furiosas superestruturas egoístas que perderam suas raízes elementais nos archai; e Sofia sofre nos padrões de produção, distribuição, consumo e lixo, nas coisas comuns do dia-a-dia que nos cercam neuroticamente chamando nossa atenção, com suas formas desmoralizadas, falsas personas e sua tendência para o colapso. O daimônico vive menos em nossos sonhos e mais em nossos dias, nossa inércia moral e exaustão anestesiada. O inconsciente se rebela em nosso mundo maníaco, não na sincronicidade, na sexualidade, nas deusas, na primeira infância e no transcendentalismo trivial. O inconsciente está onde sempre está, nas bordas da consciência, entrelaçado à consciência, onde não olhamos ou não queremos ver. Está no meio de nós. Estamos imersos na psique. Como insistiram os alquimistas, o ouro da possibilidade está no lixo horrendo mais próximo de nós.
A tarefa de trabalharmos a materia prima do inconsciente real sempre foi aquela do artista que não expressa meramente seu sofrimento, mas que reflete o tormento da anima mundi, o sofrimento das raízes. Por artista quero dizer o artesão, quer seja, artista, alquimista ou analista — aquele que toma nas mãos a madeira abandonada, os sons cacofônicos, os pedaços de bricolage e retorna essa insconsciência a suas raízes. O artesão trabalha através da anima rumo à anima mundi.
E assim, para concluir, a abordagem herética de Jung precisa ser renomeada. Afinal, ela assim foi chamada por um pastor dentro do contexto religioso de um funeral. Mas aquilo a que o pastor se referiu não é nada mais do que a visão das artes desde Giotto, Dante e Vitruvius; aquela visão daimônica que desloca o usual ao revertê-lo a seu archai. O mesmíssimo ato que esfacela o ícone familiar anuncia sua importância daimônica, elevando a imagem ao lugar primeiro.
Se a visão de Jung é semelhante àquela do artesão e sua vida conforma-se ao dever e destino do artista — apesar dos protestos de Jung, apesar de suas atitudes anti-estéticas, apesar de seu imenso e continuado compromisso com a religião — ainda assim este é o legado que ele deixa à cultura e é também sua terapia. Se sua visão é comparável com a do artista, então o trabalho da terapia também deve ser concebido ou imaginado como um empreendimento artístico, a reversão da medicina para sua arte, assim como a política para sua arte, o planejamento das cidades, o serviço social, a indústria, a educação — cada um como um trabalho com as raízes que sofrem. Cada um como uma tentativa de fazer alma a partir da inconsciência. Cada um uma tentativa de individuação do coletivamente dado. Cada ato da luta diária levemente em conflito com a luta diária, deslocando o usual, libertando a imagem cativa e aliviando o sofrimento de Sofia na matéria. Cada movimento sempre radical, subversivo, particularmente subversivo às noções confortáveis da psicoterapia usual, psicoterapia como usual, e sempre uma raiva contra a cega harmonia de uma vida anestesiada. Em vez, uma vida em meio ao notável, ao estranho, ao patologizado; os machucados e descontentes, em paz somente num mar revolto.
5.12.07
Charada no fundo do copo
por Marpessa de Castro
do livro Cotidiano no diminutivo e outras histórias
dioramanoturno.blogspot.com
Eu as chamaria, se alguém pedisse minha opinião, de melífluas. Palavra bonita, essa. Sugere segredo, por isso é adequada.
O que fazem? Ora, elas sobem, continuamente, indo agrupar-se na superfície para formar um conjunto frágil e repleto de ar escondido.
São um mistério. Parecem brotar do nada, mas sabemos que nada pode nascer do nada, somente Deus. São um mistério porque, como todos os mistérios, quanto mais me aprofundo, menos sei. Fico pensando, às vezes, se existem de fato ou se eu as invento.
Químicos poderiam esclarecer o fenômeno. Poderiam falar sobre gás carbônico e outras coisas que não entendo. No entanto, cheguei ao limite do desconhecimento, o limite em que não desejo saber coisa alguma além do fato de estar diante de um mistério. Pequenino, porém mistério. Não há por que esclarecer os fatos.
Sou perfeitamente capaz de permanecer por longos minutos a observá-las subir, ininterruptas. É de uma delicadeza fantasmagórica o que fazem, e como fazem. Desprendem-se do fundo (e aí parecem mesmo brotar do nada) e vão dançando sossegadas, contentes, iguais, sempre para cima e pronto, ajuntam-se. Em conjunto são brancas, mas individualmente nascem e dançam amarelas. Ou marrons, ou pretas, mas quando estão pretas não me é possível discerni-las direito.
Devo dizer que o conjunto à superfície não é interessante do ponto de vista do mistério. É como se a magia se desmanchasse na exata proporção em que a superfície se forma. Por isso, não leva mais que três segundos inteiros contemplar uma delas até que perca seu encanto por completo. São tão melhores quando nascem, tão mais intrigantes! Eu comparo a superfície, por extensão, a uma espécie de morte.
Diante de uma grande interrogação, curvo-me, reverente. Não há por que esclarecer os fatos.
pescado na Revista UBU
do livro Cotidiano no diminutivo e outras histórias
dioramanoturno.blogspot.com
Eu as chamaria, se alguém pedisse minha opinião, de melífluas. Palavra bonita, essa. Sugere segredo, por isso é adequada.
O que fazem? Ora, elas sobem, continuamente, indo agrupar-se na superfície para formar um conjunto frágil e repleto de ar escondido.
São um mistério. Parecem brotar do nada, mas sabemos que nada pode nascer do nada, somente Deus. São um mistério porque, como todos os mistérios, quanto mais me aprofundo, menos sei. Fico pensando, às vezes, se existem de fato ou se eu as invento.
Químicos poderiam esclarecer o fenômeno. Poderiam falar sobre gás carbônico e outras coisas que não entendo. No entanto, cheguei ao limite do desconhecimento, o limite em que não desejo saber coisa alguma além do fato de estar diante de um mistério. Pequenino, porém mistério. Não há por que esclarecer os fatos.
Sou perfeitamente capaz de permanecer por longos minutos a observá-las subir, ininterruptas. É de uma delicadeza fantasmagórica o que fazem, e como fazem. Desprendem-se do fundo (e aí parecem mesmo brotar do nada) e vão dançando sossegadas, contentes, iguais, sempre para cima e pronto, ajuntam-se. Em conjunto são brancas, mas individualmente nascem e dançam amarelas. Ou marrons, ou pretas, mas quando estão pretas não me é possível discerni-las direito.
Devo dizer que o conjunto à superfície não é interessante do ponto de vista do mistério. É como se a magia se desmanchasse na exata proporção em que a superfície se forma. Por isso, não leva mais que três segundos inteiros contemplar uma delas até que perca seu encanto por completo. São tão melhores quando nascem, tão mais intrigantes! Eu comparo a superfície, por extensão, a uma espécie de morte.
Diante de uma grande interrogação, curvo-me, reverente. Não há por que esclarecer os fatos.
pescado na Revista UBU
3.12.07
Memórias Esquecidas
por Reverendo Cananéia
"Estava adentrando a estrada de tijolos amarelos...foi quando percebi que não eram tijolos amarelos...mas sim maçãs douradas aos meus pés..."
Relato de Pedro Rafael enquanto iluminado dentro do movimento eristotélico.
"A própria concordancia já é um fruto do discordianismo dentro da linguagem interplanar,pois não há foneticas ou sonetos relacionados com a linguagem popular arcadiana."Ensinamento Arcadiano Metodista-Apelativo.
SHORYUREPÁ!!!
***
Passamos em frente o manifesto de que não existe alguma gripe aviária...tudo faz parte de um maquiavélico plano para que passamos a comer mais carne bovina.Deixamos à Sagrada Vaka Preta a mostra de nossa fé:
MÚÚÚÚÚ
::
...................................FNORD..........................
Toda forma de poder nos leva a crer que tudo deveria estar como realmente estava antes de podermos demonstrar toda e qualquer forma de poder.
do livro"Mutações trangênicas e suas derivadas do mundo espiritualistico"
Resolveu estampar quinhentas camisetas por noite...
resultado?
Estampou as quinhentas camisetas em uma noite apenas!!!
"Estou derretendo...estou derretendo..."Citação obrigatória de "O Mágico de Oz"
King Kong pode ter sido re-modelado...mas ainda deu a vida por você..
:::
A carta seis(6) do Tarô Erisiano para Discordianistas Multi-Confusos e Holisticos nos diz que se escolhermos Afrodite,daremos inicio à nossa própria Guerra de Tróia,mesmo que irrelevante,independe a decisão tomada.Como evitar essa afronta?Independe,pois é relacionada aos Enamorados,e mesmo que não haja explicação alguma,toda decisão pode e deve ser encarada como sendo errada.
FNORD(ÃO)
xxxxxxxxxxxxxxplufttxxxxxxxxxxxxxxxx
Araquibutirofobia nunca foi apenas um medo incomum...você que nunca o percebeu.
"Em sequida,o mestre passou a relacionar a respiração com o tiro com arco,por que ela não se pratica como um fim em si mesmo...mas quando percebeu isso,era pena,já havia acertado todos os membros da familia."
Trecho de "A arte filantrópica do arqueiro Zen S.H.I.M.O.niano.
"Humor?O humor salvará o mundo!!!
Achamos que foi o mestre Thiaguito quem disse numa entrevista mundial sobre o que achava de suas relações inter-humoristicas enquanto acertava vietcongues na guerra do golfo.
"Quem com ferro fere,não deveria ter se especializado no ramo das orquideas.
Façamos
Nossas
Orações
Remetendo à
Discordia!!!
Caos não deveria ser encarado de uma maneira geral como sendo o único meio de atingirmos qualquer estado de iluminação própria.Deixemos que lâmpadas também o façam.O problema é que o pessoal em casa só usa lâmpadas daquelas fluorescentes.
Relato de um garoto quando abordado sobre seus relacionamentos com colegas de classe:
"Não os forcei a ficar comigo..eles me convenceram de que fazer isso era legal."
Duas horas depois,estavam novamente jogando xadrez dureante a aula de física atômica transcendental
...............fnord..............
"Dia após dia,eu ia penetrando com maior facilidade na interpretação e na prática do Doutrina Oscar e no uso do cachimbo como eletro-condutor da alma.Passei a olhar diferentemente para toda a familia de maneira diferente...acreditei que eram esses os alvos das pessoas quem minhas crenças deveriam atingir.Resolvi acertá-los com minha sabedoria."
Trecho de "A arte filantrópica do arqueiro Zen S.H.I.M.O.niano.
""Espaço mutável?Nenhum espaço é imutável meu caro..."
....Aonde estará o senhor Momomoto?
KAOS & DISCORDIA in the Yellow Brick Road.
Salve Éris.
Salve Discórdia.
Caoticismo interplanar de natureza irrezolutista nos adverte a não comer amendoins sem ter certeza de que são realmente amendoins
"Estava adentrando a estrada de tijolos amarelos...foi quando percebi que não eram tijolos amarelos...mas sim maçãs douradas aos meus pés..."
Relato de Pedro Rafael enquanto iluminado dentro do movimento eristotélico.
"A própria concordancia já é um fruto do discordianismo dentro da linguagem interplanar,pois não há foneticas ou sonetos relacionados com a linguagem popular arcadiana."Ensinamento Arcadiano Metodista-Apelativo.
SHORYUREPÁ!!!
***
Passamos em frente o manifesto de que não existe alguma gripe aviária...tudo faz parte de um maquiavélico plano para que passamos a comer mais carne bovina.Deixamos à Sagrada Vaka Preta a mostra de nossa fé:
MÚÚÚÚÚ
::
...................................FNORD..........................
Toda forma de poder nos leva a crer que tudo deveria estar como realmente estava antes de podermos demonstrar toda e qualquer forma de poder.
do livro"Mutações trangênicas e suas derivadas do mundo espiritualistico"
Resolveu estampar quinhentas camisetas por noite...
resultado?
Estampou as quinhentas camisetas em uma noite apenas!!!
"Estou derretendo...estou derretendo..."Citação obrigatória de "O Mágico de Oz"
King Kong pode ter sido re-modelado...mas ainda deu a vida por você..
:::
A carta seis(6) do Tarô Erisiano para Discordianistas Multi-Confusos e Holisticos nos diz que se escolhermos Afrodite,daremos inicio à nossa própria Guerra de Tróia,mesmo que irrelevante,independe a decisão tomada.Como evitar essa afronta?Independe,pois é relacionada aos Enamorados,e mesmo que não haja explicação alguma,toda decisão pode e deve ser encarada como sendo errada.
FNORD(ÃO)
xxxxxxxxxxxxxxplufttxxxxxxxxxxxxxxxx
Araquibutirofobia nunca foi apenas um medo incomum...você que nunca o percebeu.
"Em sequida,o mestre passou a relacionar a respiração com o tiro com arco,por que ela não se pratica como um fim em si mesmo...mas quando percebeu isso,era pena,já havia acertado todos os membros da familia."
Trecho de "A arte filantrópica do arqueiro Zen S.H.I.M.O.niano.
"Humor?O humor salvará o mundo!!!
Achamos que foi o mestre Thiaguito quem disse numa entrevista mundial sobre o que achava de suas relações inter-humoristicas enquanto acertava vietcongues na guerra do golfo.
"Quem com ferro fere,não deveria ter se especializado no ramo das orquideas.
Façamos
Nossas
Orações
Remetendo à
Discordia!!!
Caos não deveria ser encarado de uma maneira geral como sendo o único meio de atingirmos qualquer estado de iluminação própria.Deixemos que lâmpadas também o façam.O problema é que o pessoal em casa só usa lâmpadas daquelas fluorescentes.
Relato de um garoto quando abordado sobre seus relacionamentos com colegas de classe:
"Não os forcei a ficar comigo..eles me convenceram de que fazer isso era legal."
Duas horas depois,estavam novamente jogando xadrez dureante a aula de física atômica transcendental
...............fnord..............
"Dia após dia,eu ia penetrando com maior facilidade na interpretação e na prática do Doutrina Oscar e no uso do cachimbo como eletro-condutor da alma.Passei a olhar diferentemente para toda a familia de maneira diferente...acreditei que eram esses os alvos das pessoas quem minhas crenças deveriam atingir.Resolvi acertá-los com minha sabedoria."
Trecho de "A arte filantrópica do arqueiro Zen S.H.I.M.O.niano.
""Espaço mutável?Nenhum espaço é imutável meu caro..."
....Aonde estará o senhor Momomoto?
KAOS & DISCORDIA in the Yellow Brick Road.
Salve Éris.
Salve Discórdia.
Caoticismo interplanar de natureza irrezolutista nos adverte a não comer amendoins sem ter certeza de que são realmente amendoins
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